Viagem ao Inhotim

A visita ao Instituto Inhotim foi a realização de um desejo que eu já nutria havia muito tempo. Sendo o maior museu a céu aberto do mundo, e um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil, o local é capaz de impressionar qualquer visitante pelos mais diversos motivos. Para facilitar a descrição da minha experiência, irei narrar os eventos na sequência que aconteceram. 

Chegando ao Instituto Inhotim, logo na recepção, já nos impressionamos com o paisagismo de tirar o fôlego. A quantidade e diversidade de palmeiras impacta bastante (não à toa o parque é o local com maior quantidade de espécies de palmeiras no mundo), sendo que o próprio caminho até a recepção é rodeado por tais plantas, extremamente bem cuidadas por sinal. Passando pela recepção, já nos deparamos com uma infinidade de espécies herbáceas, seja nos lagos, em composições, arranjos, pequenos bosques, ou no tronco das próprias árvores, tudo extremamente bem cuidado, com folhagens de cores tão exuberantes que chegam a passar uma certa sensação de artificialidade, mas que não deixa de ser belíssimo. 

Meu grupo ficou responsável por fazer a visita à exposição do artista Doug Aitken, "Sonic Pavilion", uma das exposições mais afastadas e que se localiza em um dos pontos mais altos de Inhotim. No percurso até lá (e também no percurso de volta pois descobrimos que a exposição estava em manutenção até 12:00h), visitamos 4 pavilhões:

    

Galeria Miguel Rio Branco



O primeiro pavilhão foi o do fotógrafo Miguel Rio Branco em que nos deparamos com um espaço impressionantemente escuro, fator que, juntamente com o fato de as paredes da construção serem curvas, contribuiu para a sensação de estar perdido. Dentro do edifício, a exposição que mais choca é aquela em que observamos diversas imagens retiradas de um rolo de filmes (o qual possui um vídeo mostrando a vida dos moradores de uma comunidade de Salvador) sendo refletidas em tecidos os quais pendiam do teto. Esse ambiente permite que o observador percorra o caminho entre as imagens, compondo uma singela interatividade com a obra. Toda a ambientação me marcou bastante e esse com certeza foi uma das obras mais interessante que visitei no museu.


Galeria Claudia Andujar


A Galeria da fotógrafa Claudia Andujar expõe diversas fotografias ligadas, principalmente, à floresta amazônica e os povos que lá habitam. As belíssimas imagens trazem uma reflexão sobre a integração do homem com a natureza, e o respeito dos povos tradicionais com a floresta. O edifício, projetado pelos Arquitetos Associados, ao trazer materiais como o tijolo de barro reforça ainda mais esse contato com o ambiente natural, se inserindo fortemente na paisagem do parque.


Matthew Barney


Toda a obra é bastante impressionante, e aqui observamos novamente a representação da relação homem-natureza, mas desta vez com um olhar do artista voltado para o sincretismo afro-brasileiro, por meio de uma escultura feita em aço e vidro espelhado, envolvendo um grande trator o qual prende uma árvore feita de material plástico.


Galeria True Rogue


A galeria chamou facilmente nossa atenção pelo contraste com a paisagem em que está inserida, sendo que suas cores branco e vermelho se destacam em meio às plantas e o lago esverdeados.


Então, finalmente, conseguimos visitar a galeria que escolhemos, após o almoço:

Doug Aitken


A construção, inserida no topo de um morro gramado e rodeado por diversas pedras, parece ter saído de dentro da própria terra. O caminho que percorremos até chegar na entrada, através de uma curva que a continua para o interior, compõe uma espécie de espetacularização, revelando aos poucos o espaço no qual adentramos. Ao entrar no pavilhão, passando por uma porta abaixo do nível do piso, nos deparamos com um espaço circundado por vidros com películas polarizadoras, um teto com diversos micro furos e uma claraboia de vidro, a qual se localiza diretamente em cima do buraco (protegido por vidro) de mais de 200 metros de profundidade, onde ficam microfones que captam os sons da terra reproduzidos por diversos pequenos autofalantes na sala. O ambiente possui alguns detalhes como o vidro que só permite uma visão completa da paisagem caso você esteja no centro do espaço, e o teto o qual causa uma desconfortável ilusão de ótica. Tudo dentro do espaço desvia nosso foco diretamente para os sons reproduzidos, e toda a obra remete-nos a uma sensação de conexão com a própria terra pois, ao nos fazer ouvir os sons produzidos por ela, é como se estivesse querendo mostrar que ela é, na verdade, viva. 

A seguir estão os desenhos rápidos do espaço, um da parte interna e outro da parte externa, feitos com grafite HB e 2B, em 15 minutos cada:






Além destes pavilhões, visitamos rapidamente as galerias Doris Salcedo e Adriana Varejão. A primeira engloba uma forte e muito intrigante ilusão de ótica nas paredes, e a segunda se destaca, não só pelo impressionante edifício brutalista em si, mas também por trabalhos "absurdos", no bom sentido da palavra, como a obra Linda do Rosário, aparentemente um muro de azulejos brancos com vísceras em seu interior.






No geral, este foi meu percurso no museu, percorrido juntamente com meu grupo composto por Flávio Carvalho, Hugo Marini, Nicole Brockes, Victor Cesar, Júlia Mundim, e Julia Dester. Não conseguimos visitar todas as obras, até porque isso provavelmente é uma tarefa impossível para ser cumprida em um prazo tão curto, entretanto eu fiquei encantado por tudo o que vi: as obras, o paisagismo, e a própria organização do lugar. Definitivamente pretendo voltar logo logo!



*Todas as imagens são de minha autoria ou foram retiradas diretamente do site oficial do Instituto Inhotim
*Agradecimento especial aos professores e à UFMG por me proporcionarem essa viagem que sempre sonhei realizar!


Comentários

Postagens mais visitadas